Cupins

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Cupins

Os cupins são uma das pragas urbanas mais bem estudadas, e que causa mais estragos, com prejuízos na ordem de milhões de dólares, só para constar a cidade de São Paulo.

Também conhecidos por térmitas, formigas brancas, siriris ou aleluias, os cupins são mundialmente conhecidos por térmites (do latim termes = vermes). A denominação “cupim” tem origem tupi guarani, portanto genuinamente nacional.

Existem mais de 2.900 espécies de cupins descritas no mundo. Somente na cidade de São Paulo, já foram descritas mais de 20 espécies, nem todas consideradas pragas.

Podemos separar as principais espécies de cupins no meio urbano em:

a)      Cupins de madeira seca:

Infestam madeiras já secas em estufa, como móveis, portas, etc. A espécie mais comum é Cryptotermes brevis. Ninhos são relativamente pequenos com algumas centenas de indivíduos, restritos às peças de madeira que estão infestando,

Lançam um resíduo característico na forma de grânulos de madeira, que correspondem às suas fezes.

fezes cupim

Os cupins de madeira seca são uns dos mais conhecidos pelo leitor. Eles são aqueles cupins cujas colônias localizam-se inteiramente dentro da madeira que consomem como alimento. Nesse caso, não há necessidade de haver contato com o solo. As colônias tendem a ser pequenas e há menor densidade de colônia por unidade de área. Outra característica marcante é que os cupins de madeira seca não nidificam (construir ninhos) exteriormente à superfície da peça infestada, nem constroem túneis para trânsito de indivíduos. Assim, o espectro de exploração do ambiente desses cupins é muito restrito.

Um cupim não vive só da madeira: de onde eles obtêm água para viver?

Os cupins conseguem retirar toda a umidade de que necessitam da madeira explorada. Eles conservam a umidade por meio da produção de pelotas fecais e roliças.

A grande maioria dos cupins de madeira seca pertence à família Kalotermitidae. Dentro deste grupo, destaca-se o gênero Cryptotermes. Atualmente, o gênero têm 47 espécies, sendo 13 da América. No Brasil, temos 03 espécies, todas elas introduzidas. No gênero Cryptotermes estão os cupins mais prejudiciais às madeiras beneficiadas.

As colônias de Cryptotermes são as maiores dentre os cupins de madeira seca. Mesmo as maiores alcançam apenas poucos milhares de indivíduos. É freqüente que colônias inteiras habitem mobiliários pequenos e que, por este motivo, são facilmente transportados. Geralmente, estas infestações não são percebidas a olho nu. A somatória dessas características faz com que estes cupins tenham fácil propagação para novas estruturas e favorece o transporte e introdução da praga em regiões geográficas até então livres da infestação.

Eles comem e comem. Mas quando tudo isso pára? Normalmente, em infestações prolongadas, quando a maior parte da madeira já foi consumida, restará apenas uma fina superfície intacta, quebradiças e talvez, poucas divisórias internas. A peça torna-se quase totalmente oca. No menos cuidadoso toque, tudo desmorona e quebra.

Dentre as espécies mais importantes, destaca-se Cryptotermes brevis. Esta é bem representada no Brasil. Da Paraíba ao Rio Grande do Sul, diversas são as regiões afetadas por Cryptotermes brevis. Esta espécie é estritamente antropófila e nunca foi encontrada em ambientes naturais, afastadas do convívio do homem e de suas indústrias. Cryptotermes brevis gosta tanto do homem que o extremo acontece nesse caso. Esses cupins só atacam madeiras protegidas pelo ser humano. Nada de árvores, nada de madeiras abandonadas: só o mobiliário e construções.

O que C. brevis gosta mais de atacar? Preferem construções antigas. Nestas, o prato cheio são madeiramento estrutural (telhados, forros, vigamentos, madeiras embutidas nas paredes, paredes de madeira, pisos e etc.), madeiramento acessório (janelas, portas, batentes, ripas e etc.), todo o mobiliário (armários, escrivaninhas, mesas, cadeiras, bancos, balcões, bancadas, prateleiras, divisórias e cabides), peças de acervo e bibliotecas (livros, pilhas de papel, papelão e armários).

Agora, como se sabe se há infestação de cupins de madeira seca?

Os sinais da infestação são claros e pode indicar ao leitor que já é momento de agir no controle contra o cupim. Grânulos fecais, amontoados abaixo dos orifícios de expulsão são sinais evidentes. Outras evidências são orifícios vedados ou encontrar asas espalhadas nos recintos. Estas asas são de provenientes de indivíduos reprodutivos. Em último caso, a fragilidade da peça pode indicar que há cupins dentro dela. Mas aí, pode ser tarde demais!

b)      Cupins subterrâneos:

Apresentam colônias numerosas, algumas com milhões de indivíduos. Seus ninhos podem se localizar em estruturas da edificação sem contato com o solo. Formam caminhos de terra para busca de alimento. Podem formar ninhos e subninhos auxiliares, dependendo da espécie e da idade da colônia. A espécie mais destrutiva nos grandes centros urbanos, que foi introduzida no Brasil no início do século passado, é Coptotermes gestroi e o gêneroHeterotermes sp, e tem causado muitos estragos nas residências e em monumentos históricos.

c)      Cupins arborícolas:

Apresentam ninhos nas árvores, ou em postes e cercas. No interior do imóvel, podem ser encontrados em telhados, sótãos ou muros. Em casos de infestação severa, os ninhos também podem ser construídos sob pisos ou outros vãos estruturais, como vãos de rampa ou de escada, por exemplo. Os cupins mais freqüentes são do gênero Nasutitermes sp.

d)      Cupins de solo ou de montículo:

São freqüentes em jardins urbanos, e podem ocasionar destruição em gramados e jardins. Geralmente formam ninhos com terra, cimentados com saliva. Operários de algumas espécies podem forragear (buscar alimento) sem a necessidade de construção de túneis de terra. São confundidos com saúvas.

Os gêneros mais freqüentes são:

Cornitermes sp, Neocapritermes sp e Syntermes sp.

A colônia de cupins de um modo geral é formada por castas, havendo as formas jovens (ninfas), operários (machos e fêmeas), soldados e reprodutores. Em certas épocas do ano, geralmente nos meses mais quentes e úmidos, os reprodutores desenvolvem asas para o momento da revoada, quando centenas e às vezes milhares deles são liberados da colônia para fecundação e possível fundação de uma nova colônia. Neste estágio são chamados de alados. Mas a grande maioria deles acaba morrendo, servindo de alimento para os pássaros do ambiente urbano.

Dentro da colônia há um casal de reprodutores, chamado casal real, com rei e rainha. O rei tem a função de fecundá-la periodicamente. A rainha tem como função a postura dos ovos, e com o passar do tempo seu abdômen cresce, chegando a alguns centímetros.

Rainha - Cupim Madeira seca
rainha_e_cupins

Os operários formam a casta mais numerosa e, como o nome diz, realizam funções de construção do ninho, reparo, limpeza e busca de alimento para a colônia. Os soldados são responsáveis pela defesa da colônia e proteção aos operários durante a coleta de alimentos.

Os cupins podem causar grandes prejuízos nas cidades, como por exemplo:

a)      Danos às estruturas de madeira, tanto estruturais como em mobílias.

b)      Danos a cabos elétricos, telefônicos, podendo acarretar curto-circuito.

c)      Morte das árvores e arbustos

d)      Prejuízos a imóveis ou bens de valor histórico ou cultural

Existem algumas medidas preventivas que podem ser implementadas em um imóvel para dificultar o aparecimento de colônias de cupins:

a)      Para o caso de cupins de madeira seca e cupins subterrâneos:

  1. Utilizar madeiras naturalmente inatacáveis por cupins, tais como: peroba do campo, peroba rosa, jacarandá, pau ferro, braúna, gonçalo alves, sucupira, copaíba, orelha de moça, roxinho e maçaranduba.
  2. Colocar telas com malha de 1,6 mm em portas, janelas, basculantes e outras aberturas para evitar a entrada de cupins, durante as revoadas nupciais.
  3. Evitar estocagem inadequada de madeiras e seus derivados, principalmente em locais úmidos.
  4. Vistoriar periodicamente rodapés, forros, armários, estantes, esquadrias e outras estruturas de madeira, a fim de detectar qualquer indício de infestação, facilitando o controle.
  5. Retirar o madeiramento usado durante as obras imediatamente após o término das mesmas, a fim de evitar possíveis infestações no imóvel.
  6. Em bibliotecas e arquivos, usar, sempre que possível, estantes metálicas.

Uma edificação pode sofrer infestação de cupins através dos seguintes meios:

a)      Invasão a partir de uma colônia localizada no solo (ou na área construída ou de fora)

b)      Pares de alados que se instalam no solo, em floreiras ou nos vãos na estrutura.

c)      Em construções geminadas, os cupins podem invadir através da alvenaria (paredes, solo, teto).

Dependendo da espécie em questão, os tratamentos devem se basear em um controle lastreado em procedimentos estratégicos de forma a não causar mais estragos do que os próprios cupins. Estes procedimentos são:

a)      Se possível, encontrar e remover os ninhos;

b)      Criar barreira visando restringir o acesso à alvenaria e ao interior do imóvel;

c)      Eliminar o acesso às fontes de alimento através do uso de madeira naturalmente resistente aos cupins, usar madeiras industrialmente tratadas ou realizar o tratamento das madeiras nos imóveis.

d)      Dependendo da espécie em questão, ela pode ou não ser eliminada da arborização do entorno, visando impedir que esta morra e/ou desabe sobre as edificações ou pessoas.

Vale ressaltar que somente empresas especializadas, com o devido registro na Vigilância Sanitária, terão condições de oferecer um tratamento adequado e específico para a infestação de cupins em um imóvel. Isso porque o tratamento por conta própria, além de perigoso pela manipulação de produtos com toxicidade, pode subdimensionar o problema, dificultando ainda mais o sucesso nos tratamentos.

especies de cupim